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Ao jantar, Ingrid Koek deixou que um desabafo escapasse, por entre a degustação de uma tábua de queijos açorianos: “Nunca pensei estar aqui com vocês, na Terceira”. Há 12 anos, tinha o Torel Boutiques inaugurado o seu primeiro hotel em Portugal — o Torel Palace Lisboa — Ingrid estava longe de imaginar o crescimento que o grupo viria a ter.
Hoje, o Torel Boutiques conta com oito unidades: uma em Lisboa, quatro no Porto (Avantgarde, 1884, Palace, Saboaria), uma no Douro (Quinta da Vacaria), uma em Guimarães (Royal Court) e, por fim, uma na ilha Terceira. “Sinto nos Açores aquilo que senti no Porto quando lá cheguei há 10 anos. É um diamante a ser polido”, diz a porta-voz e também sócia do grupo, a que prefere chamar “coleção”.
Já o CEO João Pedro Tavares fez questão de referir que o facto de Angra do Heroísmo ser património da UNESCO e de na ilha não haver outras ofertas equivalentes à do Torel, foram fatores decisivos para a abertura do hotel. “Foi intuitivo estar em Angra”.
O nome Terra Brava faz referência à espontaneidade e força primeva da natureza, bem como à área da ilha pertencente ao Vulcão do Pico Alto. “A natureza, aqui, é como a terra original”, observa Ingrid. Como tal, o hotel tem nos quatro elementos — terra, ar, fogo e água — o fio condutor da sua narrativa, espelhada principalmente no nome dos quartos: Alísio, Rizo, Cachalote, Magma, Jamanta, Garajau, Basalto são alguns dos termos usados para cunhar os 44 quartos, dividido em nove tipologias, 11 dos quais suites.
A remodelação do edifício, um antigo solar do período colonialista português, que em 2021 já tinha sido reconvertido em boutique hotel, custou ao Torel 2 milhões e 200 mil euros. Da antiga unidade, conhecida como Zenith, pouco restou para lá das estruturas. Os interiores ficaram a cargo da NANO Design, empresa do Porto que já tinha assinado a decoração do 1884. A similaridade de padrões e de opções estéticas entre os dois hotéis salta à vista e, talvez por isso, dilua um pouco a identidade a este Terra Brava.
Ainda assim, não faltam aproximações à cultura açoriana: as peças da Cerâmica Vieira, de São Miguel estão um pouco por todo o lado, desde os pratos nas paredes às louças de restauração. Na receção, destaca-se uma instalação feita com chocalhos artesanais, da autoria do mestre António, o último chocalheiro da Terceira. Já os amenities são da BAMandBOO, empresa de cosmética que combina as propriedades naturais dos Açores com inovação de ponta.
O verde é a cor dominante das áreas comuns e também dos quartos, remetendo para as criptomérias, acácias, araucárias e restante fauna farta da Terceira. Por seu lado, as piscinas interior e exterior são tratadas com sal, lembrando o mar que está ali bem perto. Basta andar 5 minutos para chegar à Zona Balnear da Prainha e estender a toalha com vista para o Monte Brasil.
Porém, é nas propostas de restauração que o Torel Terra Brava grita “açorianidade”, esse termo que o poeta e romancista terceirense Vitorino Nemésio cunhou para expressar a condição social, geográfica e emocional de se ser açoriano. O pequeno-almoço, não sendo dos mais extensos do grupo, é dos mais ligados à raiz. Só por isso, já é um dos grandes atrativos do hotel.
Massa sovada, Bolo Lêvedo, compotas da Frutaçor, feitas a partir de várias frutas autóctones – do limão-galego à uva de cheiro – a meloa de Santa Maria IGP, os queijos da Quinta dos Açores e a doçaria regional d’O Forno, da qual o bolo Dona Amélia é o ex-libris, são alguns dos produtos que podemos encontrar. Com tamanha qualidade, é difícil resistir a fazer um pijaminha no prato.
A lógica mantém-se no bar BotaniQ Cocktail Lab e no Bistrô TRÊS, ambos com curadoria do chef consultor Guilherme Spalk, do 2Monkeys (1 Sol no Guia Repsol 2025), restaurante do Torel Palace Lisboa.
No primeiro, aberto das 11h às 23h30, vinga uma carta de snacks, da qual o Tártaro de Novilho dos Açores com ananás (€16), o Lírio curado com vinagrete de maracujá (€11), a morcela de arroz com laranja (€8) e a Tábua de Queijos dos Açores (€12/€18 2px) são das propostas mais interessantes.
O grande destaque, porém, é a destilação de produtos naturais, feita no próprio bar e usada depois nos cocktails de autor. O Pineapple Rite é feito com extrato de ananás, a Melissa Bloom a partir da erva-cidreira e o Passio com extrato de Maracujá.
Aconselhamos que peça também a Experiência de Café para duas pessoas (€20), na qual é usada o café de especialidade da Fajã dos Vimes, de São Jorge. É preparado em balão, para preservar o seu carácter frutado e aromático.
O TRÊS, por seu lado, é um restaurante de partilha, que aborda a matéria-prima dos Açores pela vertente gourmet. A alcatra regional de vaca faz a vénia às típicas alcatras terceirenses, confecionadas num alguidar de barro durante várias horas (€18). Nesta carta, é servida com puré de batata-doce.
As lapas, ao invés de virem grelhadas, são feitas no forno (€9); o encharéu é braseado e acompanhado com um vinagrete de chalota caramelizada e maracujá (€9); e o polvo estufado é marinado em vinho tinto, como é típico na Terceira (€12).
Para já, apenas o BotaniQ Cocktail Lab está em funcionamento pleno, prevendo-se a abertura do Bistrô TRÊS para outubro. Funcionará de quarta a domingo, ao jantar. A falta de staff qualificado é o motivo para o atraso na operação, problema que também se estende ao Calla SPA que, para já, só está a operar com a piscina interior, a sauna e o banho turco (8h-20h). Brevemente terá duas salas de massagens, ambas com capacidade para massagens a dois.
Torel Terra Brava: Rua de Jesus, 42, Angra do Heroísmo. Telefone: 226 001 966. Estadia a partir dos €140 a noite
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